segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Conto de Terror: Estranho, O Gato

Curiosidade Literária: Já ouviram falar de Lygia Fagundes Telles? Ela é uma contista brasileira, atualmente a melhor das escritoras em nosso país, e a unica mulher na Academia Brasileira de Letras. Seu estilo são contos (textos em prosa) com um toque macabro e de suspense absoluto. Por ser eu, uma grande fã desta, mostro-lhes agora um conto escrito por mim, no estilo Lygia Fagundes. Espero que gostem. Jú.
Sempre odiei gatos, mas naquele dia chuvoso, as coisas mudaram.
Caminhava por uma rua de comercio, e resolvi sentar-me num degrau de frente a uma loja fechada, para esperar a chuva passar. Foi quando aquele bicho apareceu. De olhos amarelos e malignos, pelos sedosos e negros, com um corpo magricela de dar dó. O gato parou á minha frente e fiou me fitando. A chuva caia sobre seu pelo, mas ele não parecia se importar.
_ Sai daí bicho _ falei abanando as mãos. _ Não tem medo de água, não?
Obviamente o gato não respondeu, só andou alguns passos à frente, ficando mais próximo de mim e distante da chuva.
_ Arrume outro local para se esconder bichano _ falei, _ e suma logo daqui.
O gato chiou, mas não parecia direcionar-se a mim. Olhei para o lado e me deparei com uma aranha gigantesca descendo de sua teia até meu ombro.
Fiquei sem reação. Aquele bicho sem dúvida alguma era pior que um gato.
A aranha pousou em meu ombro. Um calafrio percorreu minha espinha.  Contudo, antes que algo ocorresse o gato deu um pulo certeiro apanhando a aranha. Ele caiu atrás se mim já com o inseto na boca, que logo foi engolida por inteira.
Fiz cara feia e disse:
_ Isso é nojento, sabia?
O gato prosseguia me fitando.
_ Mas obrigada _ falei por fim.
Um carro branco e familiar parou a minha frente; a porta do passageiro se abriu revelando meu irmão no banco do motorista, fazendo sinal para que eu entrasse.
_ Vim socorrer minha mana _ brincou ele. _ Entre!
Não precisou dizer duas vezes, em segundos eu estava no carro. Mas antes de fechar a porta observei o gato preto me olhando fixamente.
_ Se não se importar _ disse eu ao meu irmão, _ levarei mais um passageiro.
Ele seguiu meu olhar e disse apontando.
_ Aquele magricela? Pensei que detestasse gatos.
_ Detesto, mas esse conseguiu créditos comigo. Sem contar que já faz alguns dias que ouço barulhos estranhos no telhado. Acho que são ratos, e gatos caçam ratos, certo?
Meu irmão assentiu.
_ É, que eu saiba, caçam.
_ Então quem sabe ele seja útil _ conclui.
Surpreendendo a mim mesma, peguei o bichano e o levei em meu colo. Nunca tinha tocado em um gato antes, mas o pelo daquele era macio, e a forma como este se aconchegou em meu colo, com um ronrono continuo, conseguiu arrancar-me um sorriso.
O tempo passou, e o gato que nomeei de Estranho passou a ser meu companheiro, quando eu não estava no trabalho estava com ele. Assistíamos TV, ele ouvia meu desabafo, provavelmente entediado, mas ouvia, e depois de um tempo, cheguei a deixa-lo dormir junto a mim.
Mas o nome estranho não era por pouco. Aquele gato não parava de me fitar com seus olhos demoníacos, parecia querer invadir minha alma ou algo assim.
Certo dia, quando saia para o trabalho, abri o portão e Estranho passou dentre minhas pernas,  ficou na calçada, me olhando.
_ Volte já para casa Estranho _ ordenei , o que foi em vão, já que obedecer não é do feitio de um gato.
_ Por favor, entre, você não pode ficar aí na calçada.
O gato não moveu um músculo sequer e eu suspirei dando-me como vencida.
_ Está bem, então. Não quer entrar não entre.
Comecei a caminhar rumo ao trabalho, e ele me seguiu.
_ Volte Estranho! _ exclamei.
Um homem, conhecido meu, que passava pela calçada, viu a cena e sorriu.
_ Não se preocupe_ disse o homem. _ Gato é um bicho esperto, quando sentir vontade, ele volta para casa.
Assenti ainda aflita, e voltei á caminhada tentando ignorar a companhia de Estranho. Ainda sim estava distraída, ou preocupada de mais com meu bichano e ao atravessar a rua não notei
o carro que vinha em alta velocidade.
Eu teria sido atropelada se Estranho não tivesse se colocado á alguns metros á frente de mim.
- Não _ berrei, mas já era tarde.
O carro desviou a tempo de não chocar-se contra mim, mas meu gato não tivera tanta sorte.
Foi por ter atropelado Estranho, que o carro perdeu o rumo. Meu gato me salvara e agora estava morto e deformado, atirado no asfalto repleto de sangue.
Depois de um dia horrível de trabalho, voltei para casa e desabei em lagrimas ao perceber que nunca mais seria recebida por meu bichano.
Assisti TV sozinha e fui dormir com uma sensação de vazio inexplicável. Uma saldada dolorosa daquele olhar amarelo e medonho.
Naquela noite sonhei com meu gato, e no sonho ele falava! Porém, com a voz daquele homem que encontrei na rua antes do acidente.
_ Não se preocupe_ dizia o gato me fitando. _ Gato é um bicho esperto, quando sentir vontade, ele volta para casa.
Quando acordei, ele ainda estava lá, me olhando, com seus olhos amarelos, e o corpo perfeito, sem ferimento algum.

Como Lygia, deixo a conclusão final com você leitor. BJS e até a próxima quando começarei a nova Série do CL: Folclore Oculto.


7 comentários:

  1. Amei e um pouco parecido com O substituto (meu livro preferido ) tambem estou pensando em fazer uma fanfic do livro

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    1. Ah, que bom que gostou. Nunca li este livro, mas sinto vontade. Sem duvida lerei esta fanfic.
      BJS Lobinha -_°.

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    2. Bjs então leia pq e demais e eu nem li inteiro

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