terça-feira, 6 de outubro de 2015

A Maldição de Vulcaisland #2 - Mitchells

Continuação da série nova, galera.
Agora sim a história começa de verdade.


Ninguém nunca quer saber o que eu quero. 
Complexo de inferioridade à essa hora? Exatamente ! Nunca é tarde demais pra se sentir inferior, pelo menos pra mim. Ninguém pergunta o que eu quero fazer, o que eu quero ouvir, ver, comer, e etc. 
Pode parecer clichê, mas eu sempre fui o último cara pra tudo, o último a escolher, o último a ser escolhido, o último a ver alguma coisa, o último a FAZER qualquer coisa. Isso mesmo que você está imaginando. 
Você deve estrar se perguntando "quem é esse cara que começou a se descarregar do nada?" ou "o que esse garoto ta pensando/falando/fazendo??". Eu não vou responder. Não agora. 
Deixe eu continuar o meu dilema primeiro. Desde sempre eu fui o cara "menos bonito" da família - sim, eu uso o termo "menos bonito". Eu nunca fui de chamar atenção. E eu nunca quis, na verdade, viver nas sombras e evitar ser o foco, foi o meu trabalho em muitas fases da minha vida. 
Eu nunca fiz as aulas que eu queria, nunca fiz os cursos que eu queria, nem trabalhos, nem nada assim. O que me revoltou. Cara, imagine você, fazendo aulas indesejáveis por todo o ensino médio. Pesadelo. 
Quando eu era mais novo, meu irmão mais novo escolhia os nossos brinquedos porque ele era o mais novo e meu irmão mais velho escolhia as brincadeiras porque ele era o mais velho. E o que o do meio escolhia? Nada. Quando era a vez do irmão do meio? Nunca..
Mas surpreendente, minha sorte mudou naquele verão. 
Meus pais raramente faziam reuniões de família. E quando isso acontecia, era uma coisa para se preocupar.
- Olá queridos. - Disse minha mãe frente à bancada de mármore larga da nossa cozinha.
- Oi - Eu e Ned falamos em uníssono, igualmente entediados.
- As férias estão aí hein, galera? - Agora nosso pai entrara na conversa com aquele método de tentar entender a cabeça dos jovens, falando como eles. Bom, pelo menos ele achava ser assim. 
Meu pai é terapeuta, o que faz dele, muitas vezes bem entediante. Ele sabia um pouco de quase tudo e sempre tinha razão, admito. Mas na minha cabeça eu queria estar certo, resultado: brigas.
Minha mãe não trabalhava, ela cuidava muito bem de todos nós. Parece uma leoa, e eu gosto disso. Ela sempre foi super protetora, sempre nos defendia mesmo estando errados. Meu pai era mais sensato e nos forçava a fazer o certo independente se estávamos errados ou não. 
- Pois é - Respondemos juntos outra vez. Nos entre olhamos e fizemos uma meia careta. 
- E o que vocês vão querer fazer? Acampamento? Uma colônia? Trabalho comunitário? - Mamãe disse.
Pra falar a verdade, eu me acho velho demais para as três coisas. Trabalho comunitário era legal, mas não o que eles planejavam. Quando éramos crianças sempre o fazíamos, mas era em um escritório cheio de outras crianças, não quero isso para mim aos dezoito anos.
Como eu nunca tenho o direito de escolher, fiquei calado esperando o veredito do meu irmão ao meu lado. Ele também ficou calado, acho que na intenção de falarmos juntos outra vez. Ele olhava pros meus lábios esperando alguma reação. 
- Sei lá. - Ele conseguiu falar comigo. Revirei os olhos e ele riu.
Meu irmão mais novo nunca cresceu. Essa é a minha opinião. Ele é dois anos mais novo que eu mas age como se tivesse dez anos a menos. Divido o quarto com ele desde que ele nasceu, no qual possui uma extensa coleção de quadrinhos e bonecos de ação, eu até gosto. 
Nosso quarto é completamente divido. Se houvesse uma parede entre nós, não seria tão óbvio. Parece quartos completamente diferentes, carpete dividido no meio, meu lado marrom e o dele vermelho. Meu lado da parece verde a dele preto. Tirando os gostos, o lado dele com o lado geek e o meu lado, nerd - com atlas, anotações e muitos murais. A única coisa que dividimos - além do espaço - é o aquário. Will, Cornélia, Hee Lyn e Tarani são os nossos tesouros - Irma havia morrido duas semanas antes. 
- Qual é queridos. Decidam. - Encorajou mamãe sorrindo. 
- Ok - Dessa vez eu disse com Ned, agora eu ri.
- Querida, onde está o Ash? - Meu pai se sentou em uma das cadeiras altas sem encosto próximo a ele ignorando totalmente a idiotice à sua frente.
- Ele me ligou ontem. Disse que estava resolvendo alguns problemas na república e que logo vai chegar. - Mamãe respondeu.
- Se é que pode-se chamar Body Shot de problema. - Disse para mim mesmo entrelaçando meu braço no outro e apoiando sobre a bancada. 
- Body Shot? - Indagou minha mãe voltando com uma maçã na mão. Nat riu.
- Enfim. - Papai pigarreou. 
- Querido - mamãe alisou meus cabelos e os tirou do meu olho direito - Queremos que você escolha. 
Meu coração gelou. Depois de tanto tempo me criando como alguém que só se deixa levar e não questiona as escolhas que as pessoas fazem por mim, ela joga essa bomba??? Minha respiração falhou. Podem achar que é drama, mas não foi. Papai faz aquela cara de compreensível e sorriu para mim.
- Nick, o poder está com você. Não o desperdice com algo educativo - Nat praticamente subia em meus ombros nesse momento. 
- Não tente persuadir seu irmão. - Repreendeu minha mãe. 
- Mãe...porque isso agora??? - Voltei meu cabelo no lugar.
- Você nunca quer escolher, quermos te dar esse dom dessa vez. - Respondeu.
- "Dom"??? - Nat saiu dos meus ombros. 
- Você sempre usava esse termo.  - Meu pai disse.
- Eu não tenho a menor ideia. Parei de fazer planos pras férias desde...na verdade eu nunca fiz planos pras férias. Eu nunca decido nada mesmo. - Disse.
- Aah, o complexo de novo não - Todos reviram os olhos. 
- Ta bom, ta bom - Me rendi aos murmúrios de meus entes.
O "complexo" é o que eles chamam quando eu ajo assim, naturalmente me faço de vítima. Mas não é por querer - as vezes. 
- Eu quero ir pra... - Antes de terminar minha frase, a nossa cozinha foi invadida por o Orgulho, O Deus Grego, O Troféu em pessoa, A materialização da Perfeição. 
- E a aí família? - Aquele monte de músculos que chamo de irmão passou por nós (os irmãos mortais) e partiu para os braços de nossos pais.
Os mesmos quase chorando por conta da saudade. Ou os olhos estavam lacrimejando por causa da beleza surreal do meu irmão mais velho. Eles abraçavam-o como se ele voltasse vivo do forca.
- Qual o motivo da reunião? - Ele veio e se sentou na cadeira do meio entre nós.
- Estamos decidindo pra onde vamos nessas férias - Nat respondeu com a cabeça entre os braços enormes de Ash enquanto levava uma esfregada na cabeça com os punhos cerrados do mesmo. 
- Ah. Falando nisso, não vou poder ir. - Ash disse enquanto me beijava no rosto.
Ash era uma montanha viva de suplemento alimentar carinhoso. Carinhosamente bruto.
- Porque? - Mamãe perguntou horrorizada. 
- Mãe, relaxa. - Ele respondeu com uma careta e meio que rindo - Problemas na república.
- Eu não quero saber, estamos todos de férias e eu quero viajar com a família - Mamãe era extremamente intensa quando queria. - Eu não me importo com seus problemas com os Body Shots ou sei lá. 
Ash me olhou com uma cara de vou-matar-você-seu-trouxa e voltou seu olhar pra mamãe. Ele havia saído de casa há dois anos e minha mãe ainda não havia superado. Nós, os filhos, somos com diferença de idade de dois anos. Então significa sofrimento de dois em dois anos até a eternidade pra mamãe. Meu pai já é mais tranquilo. Ele é tipo um banho de água fria na leoa.
- Pai... - Ash implorou por ajuda.
- Desculpa amigão, você não têm saída dessa vez. - Meu pai nunca nos chamou de "amigão", só ao Ash. Eu era o "amigo" e Nat o "amiguinho". O que fazia sentido. 
- "Dessa vez"??? Eu nunca tive saída das férias em família dos Mitchell. - Ash ajeitou o topete.
- Encare. Nunca conseguiremos escapar - Disse Nat.
- E não vão mesmo - Mamãe.
- Vocês serão velhos e estarão conosco viajando - Papai.
- Se nós estaremos velhos, como VOCÊS estarão? - Ash.
- Eu tenho um ótimo gene, continuarei linda - Mamãe. 
- Aham - Nat.
- Acabei de chegar, quando vamos sair? - Ash.
- O mais rápido o possível - Mamãe. 
- Querida... - Papai.
- Pai eu... - Ash.
- Cara... - Nat.
Agora estavam todos falando/reclamando/insistindo/gritando ao mesmo tempo. 
- EU QUERO IR VER OS VULCÕES !!! - Gritei.
Todos pararam e me olharam. 
- Olha, ele sabe escolher - Ash riu e me deu um tapa nada sutil nas costas.
- Estamos orgulhosos de você - Dessa vez foram meus pais que disseram juntos. 
- Cara, você disse que não seria educativo. - Nat reclamou. 
Eu não ligo pras brincadeiras, as reclamações e nem mesmo se meus pais estão orgulhosos. Pela primeira vez EU escolhi, a escolha foi minha. E nada vai mudar o que eu estou sentindo. 
Pelo menos até chegar no nosso destino. 


Espero que tenham gostado. Vocês estão quietinhos demais pro meu gosto rs.
É isso, beijos.

Comentem o que vocês acharam.

2 comentários:

  1. AH! Já vi que vou amar essa série! Adorei essa família! Virei fã!
    E sério isso? Os peixes deles tem os nomes das Witch? <3 Emoção!
    Até a próxima! Beijinhus

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    Respostas
    1. Aaah, finalmente um comentário (to aliviado). Agora sim, posso dar continuidade à série rs achei que não tinham gostado e tal.
      SIM, eu amava essa série kk
      Até. Beijos

      Excluir

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